do
Guerreiro da Luz
(1997 by Paulo Coelho.
Ed. Objetiva Ltda.ª. Editoração
Eletrônica: A.P. Editora.).
O guerreiro é livre. Mas sabe que forno aberto não cozinha pão
O guerreiro é livre. Mas sabe que forno aberto não cozinha pão
(Segue:
15)
Em
qualquer atividade, é preciso saber o que se deve esperar, dos meios de
alcançar o objetivo e a capacidade que temos para a tarefa proposta.”
“Só pode dizer que renunciou aos frutos
aquele que, estando assim equipado, não sente qualquer desejo pelos resultados
da conquista e permanece absorvido no combate.”
“Pode renunciar ao fruto, mas esta
renúncia não significa indiferença ao resultado.”
O guerreiro da luz escuta com
respeito a estratégia de Gandhi e não se deixa confundir por pessoas que,
incapazes de chegar a qualquer resultado, vivem pregando a renúncia.
O
guerreiro da luz presta atenção às pequenas coisas, porque elas podem atrapalhar
muito.
Um espinho, por menor que seja, faz o
viajante interromper seu passo. Uma
pequena e invisível célula pode destruir um organismo sadio. A lembrança de um
instante de medo no passado faz a covardia voltar a cada nova manhã. Uma fração
de segundo abre a guarda para o golpe fatal do inimigo.
O guerreiro está atento às pequenas
coisas. Às vezes é duro consigo mesmo, mas prefere agir desta maneira.
“O diabo mora nos detalhes”, diz um
velho provérbio da Tradição.
O guerreiro da luz nem sempre tem
fé.
Há momentos em que não crê em
absolutamente nada. E pergunta ao seu coração: “Será que vale a pena tanto
esforço?”.
Mas o coração continua calado. E o
guerreiro tem que decidir por si mesmo.
Então ele procura um exemplo. E
lembra-se que Jesus passou por algo semelhante – para poder viver a condição
humana em toda a sua plenitude.
“Afasta de mim este cálice”, disse
Jesus. Também ele perdeu o ânimo e a coragem,
mas não parou.
O guerreiro da luz continua sem fé,
mas segue adiante e a fé termina voltando.
O guerreiro sabe que nenhum homem é
uma ilha.
Não pode lutar sozinho; seja qual for o
seu plano, depende de outras pessoas. Precisa discutir sua estratégia, pedir
ajuda e – nos momentos de descanso – ter alguém para contar histórias de
combate ao redor da fogueira.
Mas ele não deixa que as pessoas
confundam sua camaradagem com insegurança. Ele é transparente em suas ações e
secretos nos seus planos.
Um guerreiro da luz dança com seus
companheiros, mas não transfere para ninguém a responsabilidade de seus passos.
No intervalo do combate, o guerreiro
descansa.
Muitas vezes passa dias sem fazer nada,
porque seu coração exige; mas sua intuição permanece alerta. Ele não comete o pecado capital da Preguiça
porque sabe aonde ela o pode conduzir; à sensação morna das tardes de domingos,
onde o tempo passa e nada mais.
(SEGUE
para o 16)