SOU e ESTOU...

SOU e ESTOU... Administrador, com CRA/PE 5379; Especialista em Gerência Empresarial - UNIVERSO/RJ; Consultor Contábil Financeiro UFPR/INDICARE; Consultor de Negócios; Perito Judicial e Extra Judicial; Prof. na Fundação Bradesco - FADURPE/UFRPE (Gestão Agropecuária e Agroindustrial, Empreendedorismo, Sustentabilidade e Administração Rural); Prof. de Espanhol; Palestrante e estudioso do Empreendedorismo, Associativismo e Cooperativismo, voltado para o DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Manual do Guerreiro da Luz (by Paulo Coelho) <> 02


Manual
do
Guerreiro da Luz
(1997 by Paulo Coelho. Ed. Objetiva Ltda.ª.  Editoração Eletrônica: A.P. Editora.).
            Continuação: 02

Assim se passaram muitos meses; a mulher não voltou, e o garoto a esqueceu; agora estava convencido de que precisava descobrir as riquezas e tesouros do templo submerso. Se escutasse os sinos, saberia sua localização, e poderia resgatar o tesouro ali escondido.
Já não se interessava mais pela escola, nem pela sua turma de amigos. Transformou-se no gracejo preferido das outras crianças, que costumavam dizer: “ele não é mais como nós. Prefere ficar olhando o mar, porque tem medo de perder nos jogos”.
E todos riam, vendo o menino sentado na beira da praia.
Embora não conseguisse escutar os velhos sinos do templo, o menino ia aprendendo coisas diferentes. Começou a perceber que, de tanto ouvir o ruído das ondas, já não se deixava distrair por elas. Pouco tempo depois, acostumou-se também com os gritos das gaivotas, o zumbido das abelhas, o vento batendo nas folhas das palmeiras.
Seis meses depois de sua primeira conversa com a mulher, o menino já era capaz de não se deixar distrair por nenhum barulho – mas tampouco escutava os sinos do tempo afundado.
Outros pescadores vinham falar com ele, e insistiam: “nós ouvimos!”, diziam.
Mas o garoto não conseguia.
Algum tempo depois, os pescadores mudaram de conversa: “você está muito preocupado com o barulho dos sinos lá embaixo; deixe isto para lá e volte a brincar com seus amigos. Talvez apenas os pecadores consigam escutá-los”.
Depois de quase um ano, o menino pensou: “talvez estes homens tenham razão. É melhor crescer, tornar-me pescador e voltar todas as manhãs para esta praia, porque passei a gostar dela”. E pensou também: “talvez isto tudo seja uma lenda e – como o terremoto – os sinos se tenham quebrado e jamais tornem a tocar”.
Naquela tarde, resolveu voltar pra casa.
Aproximou-se do oceano, para despedir-se. Olhou mais uma vez a natureza e, como já não estava mais preocupado com sino – pôde sorrir com a beleza do canto das gaivotas, o barulho do mar, o vento batendo nas folhas das palmeiras. Escutou ao longe a voz de seus amigos brincando e sentiu-se alegre por saber que logo estaria de volta aos jogos de sua infância.
Anos depois – já homem - ... (SEGUE  03)

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