Manual
do
Guerreiro da Luz
(1997 by Paulo Coelho.
Ed. Objetiva Ltda.ª. Editoração
Eletrônica: A.P. Editora.).
O guerreiro da
luz aprendeu que é melhor seguir a luz.
(SEGUE o 17)
Ele
já traiu, mentiu, desviou-se do seu caminho, cortejou as trevas. E tudo
continuou dando certo – como se nada tivesse acontecido.
Entretanto, um abismo
chega de repente, pode-se dar mil passos seguros – e um passo a mais acaba com
tudo. Então o guerreiro detém-se antes de destruir a si mesmo.
Ao tomar esta decisão, escuta
quatro comentários: “Você sempre agiu errado. Você está velho demais para
mudar. Você não é bom. Você não merece”.
Ele olha para o céu. E uma
voz lhe diz: “meu caro, todo mundo já fez coisas erradas. Você está perdoado,
mas não posso forçar este perdão. Decida-se”.
O verdadeiro guerreiro da
luz aceita o perdão.
O guerreiro da luz sempre
procurar melhorar.
Cada golpe da sua espada
traz consigo séculos de sabedoria e meditação. Cada golpe precisa ter a força e
a habilidade de todos os guerreiros do passado, que ainda hoje continuam
abençoando a luta. Cada movimento no combate honra os movimentos que as
gerações anteriores procuraram transmitir através da Tradição.
O guerreiro da luz é confiável.
Comete alguns erros, às
vezes se julga mais importante do que realmente é. Mas não mente.
Quando se reúne ao redor
da fogueira, conversa com seus companheiros e companheira. Sabe que suas
palavras ficam guardadas na memória do Universo, como um atentado do que
pensa.
E o guerreiro reflete:
“por que falo tanto, se muitas vezes não sou capaz de fazer tudo que digo?”
O coração responde:”
quando você defende publicamente suas ideias, tem que se esforçar para viver de
acordo com elas”.
É porque pensa que é o que
fala, que o guerreiro acaba se transformando no que diz.
O guerreiro sabe que de
vez em quando, o combate é interrompido.
Não adianta forçar a luta;
é necessário ter paciência, esperar que as forças entrem novamente em choque.
No silêncio do campo de batalha, escuta as batidas de seu coração.
Repara que está tenso. Que
tem medo.
O guerreiro faz um balanço
de sua vida; vê se a espada está afiada, o coração satisfeito, a fé incendiando
a alma. Sabe que a manutenção é tão importante quanto a ação.
Sempre há algo faltando. E
o guerreiro aproveita os momentos em que o tempo se detém, para equipar-se
melhor.
Um guerreiro sabe que um
anjo e um demônio disputam a mão que segura a espada.
Diz o demônio: “você vai
fraquejar. Você não vai saber o momento exato. Você está com medo”. Diz o anjo:
“você vai fraquejar. Você não vai saber o momento exato. Você está com medo”.
O guerreiro fica surpreso.
Ambos disseram a mesma coisa.
Então o demônio continua: “deixe
que eu te ajudo”. E diz o anjo: “eu te ajudo”.
(SEGUE para o 18)
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