do
Guerreiro da Luz
(1997 by
Paulo Coelho. Ed. Objetiva Ltda.ª.
Editoração Eletrônica: A.P. Editora.)
Escondidos debaixo de uma série
de boas intenções, estão sentimentos que ninguém ousa confessar a si mesmo:
vingança, autodestruição, culpa, o medo da vitória, a alegria macabra com a
tragédia dos outros.
.
(SEGUE
o 27)
O Universo não julga: conspira a favor do que desejamos. Por isso,
o guerreiro tem coragem de olhar para as sombras de sua alma e ver se não está
pedindo nada errado para si mesmo.
E toma sempre muito cuidado com o que pensa.
Jesus dizia: “que o seu sim seja sim seja sim e o
que o seu não seja não”. Quando o guerreiro assume uma responsabilidade, mantém
sua palavra.
Os que prometem e não cumpre – perdem o respeito
próprio, têm vergonha de seus atos. A vida destas pessoas consiste em fugir,
elas gastam muito mais energia dando uma série de desculpas para desonrar o que
disseram, do que o guerreiro da luz usa par manter seus compromissos.
Às vezes também ele assume uma responsabilidade
boba, que resultará em prejuízo. Não
torna a repetir esta atitude – mas, mesmo assim, honra o que disse e paga o
preço de sua impulsividade.
Quando vence uma batalha, o guerreiro comemora.
Esta vitória custou momentos difíceis, noites de
dúvidas, intermináveis dias de espera. Desde os tempos antigos, celebrar um triunfo
faz parte do próprio ritual da vida: a comemoração é um rito de passagem.
Os companheiros olham a alegria do guerreiro da luz
e pensam: “por que faz isto? Pode decepcionar-se em seu próximo combate. Pode
atrair a fúria do inimigo”.
Mas o guerreiro sabe o motivo de seu gesto. Ele se
beneficia do melhor presente que a vitória é capaz de trazer: confiança.
Celebra hoje sua vitória de ontem, para ter mais
forças na batalha de amanhã.
Um dia, sem qualquer aviso, o guerreiro descobre
que luta sem o mesmo entusiasmo de antes.
Continua fazendo tudo que fazia, mas cada gesto
parece que perdeu o sentido. Neste momento, ele só tem uma escolha: continuar praticando
o Bom Combate. Faz as suas preces por obrigação ou por medo, ou seja, lá por
que motivo for – mas não interrompe o seu caminho.
Sabe que o anjo Daquele que o inspira está dando um
passeio. O guerreiro mantém a atenção voltada para sua luta e insiste – mesmo quando
tudo parece inútil. Daqui a pouco, o anjo retorna e o simples barulho de suas
asas trará sua alegria de volta.
Um guerreiro da luz compartilha com os outros o que
sabe do caminho.
Quem ajuda, sempre é ajudado e precisa ensinar o
que aprendeu. Por isso, ele senta-se ao
redor da fogueira e conta como foi o seu dia de luta.
Um amigo sussurra: “por que falar tão abertamente
de sua estratégia? Não vê que, agindo assim, corre o risco de ter que dividir
suas conquistas com os outros?”
O guerreiro apenas sorri e não reponde. Sabe que,
se chegar ao final da jornada num paraíso vazio, sua luta não terá valido a
pena.
O guerreiro da luz aprendeu que Deus usa a solidão,
para ensinar a convivência.
Usa a raiva, para mostrar o infinito valor da paz.
Usa o tédio, para ressalta a importância da aventura e do abandono.
(SEGUE para o 28)
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